Wednesday, February 21, 2007

Em busca de igualdade no acesso ao eléctrico rápido

Descrição da foto: João Henriques alerta sobre os acessos dos cidadãos aos transportes públicos

Mariz garante que novo caderno de encargos do Sistema de Mobilidade do Mondego terá capítulo autónomo sobre igualdade de acesso de todos os cidadãos ao transporte. E se os cidadãos com mobilidade reduzida têm razão de queixa…

Elevadores articuláveis ou, pelo menos, uma rampa para acesso ao interior das carruagens. Bilheteiras automáticas ou acessíveis ao nível das cadeiras de rodas. Sinais sonoros de aproximação à linha e para localização das portas. Pisos antiderrapantes. Informações suficientemente visíveis e com efeitos sonoros.Este seria o cenário «perfeito» para os cidadãos com mobilidade reduzida que, há muitos anos, utilizam (ou tentam utilizar) a automotora que faz a ligação entre Serpins e Coimbra. Um cenário que, hoje em dia, está longe da perfeição desejada e que obriga estas pessoas a verdadeiros «actos de coragem» de cada vez que tentam viajar no Ramal da Lousã.

«É um autêntico desporto radical, um suicídio» utilizar o comboio como transporte público naquela linha, declarou ontem João Henriques, tetraplégico e assessor do provedor municipal das Pessoas com Deficiência da Lousã, na conferência “Informação – um veículo para a inclusão”, promovida pela Metro Mondego para apresentar e debater as dificuldades no transporte das pessoas com necessidades especiais.

«As automotoras não garantem a livre circulação de idosos, grávidas ou outros cidadãos de mobilidade reduzida, quer permanente, quer temporária», garantiu, lamentando que «os sucessivos governos não tenham gasto um único cêntimo na segurança e acessibilidade ao ramal» e que, por isso, tenham obrigado «alguns deficientes a serem ainda mais deficientes» por não poderem aceder, com igualdade de oportunidades, àquele (assim como a outros) meio de transporte público.

Serviço “tão ou mais”deficiente que utentes.

Aliás, José Moreira, invisual e um dos elementos do Grupo Técnico de Acessibilidades da Provedoria, vai mais longe e considera «um absurdo» que aquele ramal continue com condições de acesso e de segurança «tão ou mais deficientes que os utentes que o procuram».

«Tudo era aceitável se não estivesse disponível a melhor tecnologia mas, neste caso, mais do que por falta de saber, a falha acontece por falta de sensibilidade», remata.É precisamente para evitar que as críticas continuem depois da implementação do Sistema de Mobilidade do Mondego que a Metro Mondego decidiu organizar esta conferência. José Mariz recordou que aquando do lançamento do primeiro concurso público (entretanto anulado), o caderno de encargos já incluía «exigências sobre as necessidades de uma informação clara e acessível a todos os cidadãos», tendo a Metro Mondego apresentado uma candidatura para apoio nesta área que, continuou, «foi recusada por ser demasiado ambiciosa».

Mais «para ouvir» do que para informar, o presidente e toda a administração da Metro Mondego garantem que o novo concurso incluirá «um capítulo autónomo» para que todas as questões relacionadas com o livre acesso, por todos, àquele transporte público, «sejam tratadas pelos concorrentes de uma forma muito desenvolvida e realista».

Na sessão, que não chegou a contar com a presença da secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, como estava previsto - a governante fez-se representar pelo assessor Carlos Correia -, estiveram ainda presentes representantes da Associação para o Desenvolvimento e Formação Profissional de Miranda do Corvo, e de Paula Reis, técnica da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral – Núcleo Regional de Coimbra, que, também eles, apresentaram algumas das deficiências do Ramal da Lousã e do respectivo sistema de transportes.

Fonte: Diario de Coimbra


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