LOUSÃ – No 1º Seminário sobre a Serra da
Lousã, parceria entre Fundação ADFP e Câmara Municipal de Miranda do Corvo, os
autarcas presentes concordaram na necessidade de criar uma estrutura para gerir
todo o potencial da região, que abarca 7 concelhos, dia 30 de Maio, na Casa das
Artes.
Jaime Ramos, presidente do Conselho de
Administração da Fundação ADFP, e Miguel Baptista, presidente da Câmara
Municipal, presidiram à sessão de abertura, em que ambos enalteceram a
importância deste encontro sobre turismo, natureza e cultura, do ponto de vista
do desenvolvimento local, das oportunidades e desafios.
Jaime Ramos recordou a criação na década de
oitenta de um Gat (gabinete técnico) verde que elaborou vários estudos e que
veio a ser encerrado no inicio dos anos noventa e criticou o facto de ainda não
ter havido unidade suficiente para criar e gerir um site de divulgação de toda
a serra da lousa numa lógica de integração intermunicipal.
No primeiro painel, sobre “A Importância do
Poder Local no desenvolvimento da Serra da Lousã”, moderado por Ricardo
Pocinho, participaram o presidente do Município de Miranda do Corvo, Miguel
Baptista, o de Penela, Luís Matias, o de Castanheira de Pera, Fernando Lopes, o
chefe de gabinete do Município de Figueiró dos Vinhos, Diniz Braz e, pelo
município da Lousã, o vereador Helder Bruno.
A necessidade da criação de uma estrutura que
possa gerir todo o potencial da Serra da Lousã, foi também ideia chave
apresentada por Pedro Machado, presidente da Região de Turismo do Centro, no 2º
painel, sobre “Turismo e as Estratégias que Potenciam o Desenvolvimento Local”.
Carmo Lopes, da Escola Superior Agrária,
defendeu que “os recursos naturais, culturais e produtivos do território devem
estar ligados em rede e reforçados por políticas locais orientadas para
valorizar o meio ambiente, as tradições e os conhecimentos”. Essa ligação em
rede, que exige de todos os actores muita cooperação, virá favorecer –
acrescentou – “o desenvolvimento de fluxos turísticos qualificados, mais
atentos aos produtos típicos e à cultura do território distribuídos durante
todo o ano e não somente concentrados nos meses de Verão”.
Neste 2º painel, moderado por Rui Avelar,
participaram ainda Rui Simão, coordenador da ADXTUR (Agência para o
Desenvolvimento Turístico das Aldeias de Xisto), Frederico Lucas da Territorial
Developer – Novos Povoadores e o director do CEARTE, Luís Rocha.
Este último considerou fundamental a
qualidade do serviço turístico, que se obtém com a formação contínua de
pessoal, porque o sector “baseia-se no contacto humano, com concorrências cada
vez mais do lado da qualidade, da diferenciação dos produtos e não apenas do
lado dos custos”, traçando também o perfil do “novo turista”:
“Atitude crítica, consumidor mais exigente e
esclarecido, preocupado com as questões ambientais, e preparado para pagar mais
por produtos ou serviços de grande qualidade”.
O futuro do turismo na Serra da Lousã, os
novos projectos e as acessibilidades
Logo após o almoço oferecido pela Câmara
Municipal aos oradores e organizadores, no restaurante Museu da Chanfana,
ex-libris da gastronomia regional, Ana Monteiro apresentou dois novos projectos
da Fundação ADFP, o Hotel Parque Serra da Lousã, em fase adiantada de
construcção, e o original Templo Ecuménico Universalista, dedicado às
religiões, sua história e prática, que serão catalisadores da oferta turística,
num painel moderado por José Miguel Ramos Ferreira.
Depois, Pedro da Vega apresentou o Esquio
Montain Reserve, que passa pela recuperação de duas aldeias de Penela, que
pretende introduzir um novo conceito de turismo de montanha ao longo de todo o
ano. O promotor da iniciativa, Manuel Santos, que já investiu vários milhões de
euros desde há 6 anos, neste projecto que criará 80 postos de trabalho directos
e 20 a 30 indirectos, fez um veemente apelo a todas as autoridades políticas,
sobretudo locais e regionais, face às dificuldades de financiamento dos 47
milhões necessários e de celeridade na tomada de decisões.
No 4º painel, sobre o “Turismo na Serra da
Lousã”, moderado por Casimiro Simões, o director do Parque Biológico da Serra
da Lousã, Pedro Faria, apresentou o projecto de integração social da Fundação
ADFP, enquanto Ana Rodrigues falou das pessoas, dos artesãos do Museu Vivo de
Artes e Ofícios Tradicionais.
Margarida Amaral, da Mountain Wisper (Aldeia
de Xisto do Gondramaz, onde de resto vive), abordou o seu projecto de turismo
rural, iniciado há 3 anos, que aproveita todos os recursos da natureza, que
criou percursos pedestres e de BTT.
Pedro Pedrosa, da A2Z Consulting de Penela,
falou da necessidade, que considerou “imperiosa”, de defesa e conservação do
Ecosistema da Serra da Lousã, através de uma plataforma com as entidades dos 7
concelhos envolvidos.
Foi então a vez da DNA (Desporto, Natureza e
Aventura) da Serra da Lousã, que preconizou o trabalho em rede e um serviço
integrado e deu relevo à criação de programas para jovens em férias.
No 5º painel, sobre Turismo Acessível,
moderado por José Peralta, o provedor das pessoas com deficiência da Lousã,
João Henriques, preconizou um plano de soluções integradas para todos, nas
vilas e serras, do Selo Lousã Acessível, já atribuído a 173 entidades com
condições mínimas de acessibilidade, e das famosas cadeiras que permitem
transportar as pessoas para a água.
João Gaspar, da ARCIL da Lousã, falou de tudo
o que já se consegiu para pessoas com deficiência, desde a participação no
Camel Trophy, em slide, corridas de cadeiras, etc, mas sobretudo mas sobretudo
da “acessibilidade mental”, que permita que tenhas ou não acesso ao parapente.
Da Paradigmo, o empresário José Gomes, após
dois anos de trabalho, materializou-o num portal de divulgação das
potencialidades turísticas da Lousã, e abordou o turismo acessível inclusivo,
que abarque entre outras, a linguagem gestual. Finalmente, João Pedro sacadura
da Fundação ADFP, considerou que a mudança de mentalidade só se consegue
através de “um ensino inclusivo”, enumerou barreiras arquitectónicas, problemas
de transportes e constrangimentos ergonómicos, que possam no futuro permitir a
todos que visitem o Parque Biológico. Houve depois dois testemunhos de
funcionários da Fundação, que detalharam todos os problemas diários de uma
pessoa com mobilidade reduzida ou com nanismo.
No 6º e último painel, dedicado ao
“Associativismo e Desenvolvimento da Serra da Lousã”, Luís Matias, da “Dueçeira
ELOZ”, referiu existir margem de manobra para uma organização de gestão de
fundos comunitários, enquanto José Quaresma, da Montanha Clube da Lousã (1994),
falou da sustentabilidade de um projecto que se virou para a competição
desportiva com resultados muito positivos.
Hugo Cabral, da Associação Abútrica, falou da
importância dos Trilhos Abútricos, factor de atracção de milhares de pessoas,
prova de renome dentro e fora das nossas fronteiras, das sinergias com o comércio
e restauração, com o Parque Biológico e Fundação, do Land Abútrico e da Trail
Running School.
Pelos Baldios da Lousã, Joaquim Lourenço
falou de um trabalho com nove anos, que visa “dar aproveitamento máximo ao
património que herdámos dos nossos antepassados”, enquanto António Ventura, dos
Baldios de Vila Nova, falou dos problemas de gestão da maior mancha florestal
do concelho, 1000 hectares, dos 5 sapadores florestais, e do seu papel nas
limpezas florestais, beneficiando das rendas da exploração do Parque Eólico e
do parque logístico em construcção nas Souravas e da intenção de criar um
protocolo com a Associação Abútrica.
No final, Jaime Ramos agradeceu a todos os
participantes e organizadores, e sublinhou que a serra e de todos os municípios
e nenhuma entidade se pode apropriar da Serra da Lousã, cuja riqueza natural
deve ser aproveitada para a criação de postos de trabalho e crescimento:
“Devemos atrair turistas que paguem a conta,
gerando riqueza e trabalho; isto é fundamental”, concluiu.
Fonte: Local.pt