Monday, December 8, 2008

Dois rostos, a mesma vontade de ajudar

Presidente e Provedor da Lousã

Na visita ao concelho da Lousã, Ivor Ambrose, director administrativo da ENAT, rede de turismo europeia, e Mieke Broeders, directora da organização belga Toegankelijkheidsbureau, ficaram a conhecer ao pormenor o projecto "Lousã, Destino de Turismo Acessível", que consideraram uma excelente oportunidade para a Europa.

Como apurou o DIÁRIO AS BEIRAS, "a satisfação" de Ivor Ambrose e Mieke Broeders abriu uma janela de colaboração entre a equipa coordenadora do projecto, a Provedoria Municipal das Pessoas com Inacapacidade e a Câmara Municipal da Lousã, pelo que está em estudo o apoio de Ambrose e de Broeders na promoção e divulgação do projecto "Lousã, Destino de Turismo Acessível" a nível internacional. Recorde-se que os municípios de Ávila e Reus (Espanha) e La Rochelle (França) vão participar no projecto de cooperação transnacional para a criação de uma rede de destinos turísticos acessíveis liderado pelo Município da Lousã.

Beneficiar do trabalho desenvolvido na área da acessibilidade ao longo de décadas, tendo a autarquia e a ARCIL como referências, são alguns dos objectivos do projecto dedicado aos cidadãos com mobilidade condicionada, e que inclui, ainda, além da certificação da acessibilidade da oferta turística do concelho, a construção de uma "cultura de acessibilidade", constituindo-se, também, como uma oportunidade no capítulo económico, de acordo com o volume de mercado a nível europeu - abrange 50 milhões de pessoas.

Pedro Machado, presidente da ARPT Centro de Portugal, considera que o projecto "qualifica, distingue e diferencia este destino da marca Centro de Portugal", desejando "que se converta numa ferramenta para os cidadãos que precisam de maior atenção".

Na reunião de trabalho com a coordenação do projecto "Lousã, Destino de Turismo Acessível, da Câmara Municipal da Lousã, Provedoria Municipal das Pessoas com Incapacidade e várias entidades da estrutura de missão, Mieke Broeders, do Toegankelijkheidsbureau, explicou a dinâmica do gabinete de acessibilidade da organização belga que "pretende promover um design para todos, e a acessibilidade e utilização da habitação, dos edifícios públicos, transportes e serviços para todos". Segundo Mieke Broeders, o comité de gestão do Toegankelijkheidsbureau integra "também pessoas incapacitadas e o gabinete de acessibilidade procura dar resposta às necessidades dos idosos e das pessoas com incapacidades".

Já ENAT, explica Ivor Ambrose, "quer ajudar a tornar os destinos turísticos, produtos e serviços europeus acessíveis a todos". A rede promove a partilha de experiências entre todos os agentes do sector turístico, "de modo a que aprendam uns com os outros e colaborem". Ao mesmo tempo, a ENAT apoia o desenvolvimento "de boas políticas como forma de sensibilização em questões de acessibilidade no turismo europeu".

Fernando Carvalho, presidente da Câmara Municipal da Lousã, considera o interesse dos dois técnicos fundamental na evolução do projecto a nível internacional, já que a experiência que possuem irá contribuir certamente para a eficácia das soluções que vierem a ser definidas.

Aliás, segundo Ernesto Carvalhinho, "gostaram das pessoas e da autarquia" e mostraram-se disponíveis para colaborar no projecto Lousã, Destino de Turismo Acessível. "São dois especialistas a nível europeu e mundial, e dirigem entidades de alto nível e com enorme aceitação nomeadamente na União Europeia", explica.

O provedor das Pessoas com Incapacidade da Lousã começou a trabalhar com Ivor Ambrose e Mieke Broeders em 1993, na altura "em problemas em torno da ARCIL". São pessoas, acrescenta, "que já conhecem a realidade da Lousã, aparecem na sequência da credibilização da própria ARCIL e estão disponíveis para apoiar a concretização de um projecto com o nível de qualidade a que estão habituados, contribuindo, ao mesmo tempo, para a sua internacionalização".

Fonte: “Diário as Beiras”

Trabalho reconhecido por entidades públicas na entrega de mais selos

provedor

Lousã "olímpica" em termos de acessibilidade

Mais 40 estabelecimentos do concelho da Lousã estão assinalados com o selo "Lousã Acessível", juntando-se aos cerca de 68 já dotados dessa marca, que indica que o local tem acessibilidade autónoma do exterior para o interior e espaço para mobilidade interna. A entrega dos selos que, desta vez, foi acompanhada de um certificado de reconhecimento de boas práticas, decorreu quinta-feira, dia 13, no auditório da Biblioteca Municipal

Maria João Borges

Além de representantes das entidades públicas e privadas que receberam os selos, a cerimónia contou com a presença de Jorge Umbelino, do Conselho Directivo do Turismo de Portugal e da sub-directora do Instituto Nacional para a Reabilitação, Alexandra Pimenta. Esteve ainda uma representante de uma associação belga especializada em turismo e acessibilidades, a sócia-gerente da primeira agência de viagens portuguesa dirigida a cidadãos com deficiência, e ainda o director executivo da ENAT (European Network for Accessible Tourism - rede europeia de turismo acessível), da qual o Município da Lousã faz parte.

Do lado das entidades públicas, não foram poupados elogios ao trabalho que o concelho está a desenvolver no âmbito da acessibilidade, de uma maneira geral, e de uma acessibilidade que transforme a Lousã no primeiro destino turístico do país, em particular. Alexandra Pimenta caracterizou o projecto como "inovador", que "tem permitido a nós, como entidade pública, divulgar a iniciativa além-fronteiras". A sub-directora do Instituto Nacional para a Reabilitação afirmou ainda que o concelho é um "exemplo" de como "só uma parceria global entre todos os sectores da comunidade torna possível uma sociedade inclusiva". A todos aqueles que receberam o selo, Alexandra Pimenta lançou o desafio de ainda irem mais além, criando projectos mais ambiciosos na área da acessibilidade.

Para Jorge Umbelino, do Turismo de Portugal, criar um destino turístico acessível para todos é uma questão de inteligência, do ponto de vista do exercício de cidadania e por uma questão economicista. "Todos têm consciência que as pessoas com mobilidade reduzida são muitas, a começar por todos os idosos, o que traz uma dimensão de negócio que é tudo menos de desconsiderar", salientou. "Este projecto é olímpico, caso único no país... A Lousã é um farol que vai à frente dos outros concelhos", acrescentou, cumprimentando não só a autarquia, ou a ARCIL, mas todos os lousanenses, por entender ser um trabalho de toda a comunidade.

"A Escapadinha da Lousã"

No dia 20 de Dezembro, a revista "Perspectiva", publicada pelo jornal Público edita um artigo de duas páginas sobre as ofertas turísticas acessíveis que o concelho da Lousã já pode oferecer. Um jornalista tetraplégico, da agência de viagens Accessible Portugal, esteve na Lousã e visitou alguns locais que vão ser alvo de selecção. Será o segundo de seis artigos que a agência de viagens terá a oportunidade de publicar, no âmbito de um acordo estabelecido com o jornal. "Quando o Público fez um trabalho sobre a nossa agência ficou muito entusiasmado com o nosso trabalho e questionou se nós não queríamos propor destinos turísticos acessíveis às pessoas", contou Ana Garcia, sócia-gerente da empresa. O primeiro artigo saiu este domingo na revista e foi sobre Lisboa. O segundo será sobre a Lousã e intitula-se "A Escapadinha da Lousã".

A Accessible Portugal começou como uma empresa de animação turística, tornando-se, posteriormente, numa agência de viagens para pessoas com deficiência e suas famílias, para que todos possam sentir-se em férias. As pessoas que fazem parte da agência lidam no seu dia-a-dia com portadores de deficiência dependentes, pelo que a percepção de que todos, pessoa com deficiência e família, deviam ter direito a férias, motivou a criação da agência. "Fazer um safari no Quénia é possível, fazer esqui é possível, desde que seja adaptado", mostrou Ana Garcia, acrescentando que as ofertas de destinos acessíveis são escassas em Portugal e que os alojamentos não estão preparados para receberem grupos alargados. "Só uma casa de banho e dois quartos adaptados não chegam".

Mais informações sobre a agência em http://www.accessibleportugal.com/

Fonte: Jornal Trevim