Tuesday, January 22, 2008

“Carvalhinho não é provedor por ser meu amigo”

Afirmou Fernando Carvalho na cerimónia de tomada de posse.

Com a tomada de posse do Provedor Municipal das Pessoas com Incapacidade e do Grupo Técnico de Acessibilidade sexta-feira, dia 11 de Janeiro, no auditório da Biblioteca Municipal, foi dado mais um passo no trabalho da Provedoria. Ernesto Carvalhinho garante o mandato por mais quatro anos – tendo depois de sair, conforme o regulamento e a equipa técnica passou a ser oficial. Trinta e três estabelecimentos do concelho, não só da zona central da vila, receberam o selo “Lousã Acessível”.

“A Lousã já fez o trabalho mais difícil na área da acessibilidade: a sensibilização da comunidade para a causa, a discussão do preconceito e da discriminação”, sublinhou a directora do Instituto Nacional para a Reabilitação, Luísa Portugal, que afirmou que a Lousã já está a ser um exemplo a nível nacional pelo seu trabalho nesta área. “Todo o esforço que a provedoria vem desenvolvendo também nos mostra que muitas coisas que estão no papel são possíveis de aplicar, quando há esta vontade que tudo funcione”, salientou, informando que vai procurar que se multiplique noutros locais do país o que se faz na Lousã.

A designação de “Provedor Municipal das Pessoas com Incapacidade” foi encarada com satisfação, na medida em que é muito mais abrangente, em relação ao termo “Provedor Municipal das Pessoas com Deficiência”. “Pessoa com incapacidade somos todos nós, quando envelhecermos alguma incapacidade havemos de ter”, disse. “Qualquer dia podemos pensar numa ‘Lousã para todos’” ou em ‘todos os direitos para todos’”, rematou, tecendo rasgados elogios ao presidente da Câmara Municipal, Fernando Carvalho, pelo facto de ser um autarca que pensa na sociedade na sua globalidade.

O carácter heterogéneo da equipa de acessibilidade, em termos de áreas de conhecimento, foi elogiado pelo edil, que procurou demonstrar que são muitas as pessoas sensibilizadas para a temática. “Cidadãos que trabalham por amor à camisola e que vão perder o seu tempo durante o dia, a noite e o fim-de-semana, sem contrapartidas a não ser o gozo pessoal”, não deixou de frisar.

“Ernesto Carvalhinho não é provedor por ser meu amigo”, quis clarificar Fernando Carvalho. “Aliás ele tem um historial de percurso a nível nacional, que demonstra que não era o convite do presidente da Câmara que ia ser mais importante. Foi convidado para fazer novo mandato e, ao fim de quatro anos, cessará o seu cargo como provedor”.

A atribuição dos selos a 33 estabelecimentos deixaram Carvalho satisfeito, também pelo facto de alguns espaços comerciais não se localizarem na vila da Lousã, mas sim numa das freguesias do concelho, Serpins.

“É com orgulho que aceito desempenhar de novo o cargo de provedor”, referiu, por seu lado, Ernesto Carvalhinho, esclarecendo que a equipa técnica vai colaborar na execução das políticas de melhoria da qualidade de vida em prol de uma Lousã mais acessível.

O projecto “Lousã Acessível” da Provedoria está englobado no Orçamento da Câmara Municipal com 20.000 de verba para 2008, embora só metade tenha financiamento definido, de acordo com o documento apresentado pela autarquia.

Lousã: um destino turístico acessível

Na sequência do congresso subordinado ao tema do turismo acessível que teve lugar o ano passado, constituiu-se um grupo de trabalho que elaborou um projecto (agora em fase final) com o objectivo de tornar a Lousã um destino turístico acessível.

O estudo, apresentado na cerimónia da tomada de posse, defende a tese de que o turismo para ser acessível para todos tem de oferecer estruturas adaptadas a pessoas com as mais variadas incapacidades, sejam cidadãos com deficiência, seniores com dificuldades de mobilidade, mulheres grávidas ou pessoas que sofram de determinadas doenças. Um turismo acessível a todos é encarado como uma oportunidade de negócio, já que funciona como o garante do aumento do volume de visitantes. “Muitos cidadãos com deficiência desistem das férias, porque os locais não estão adaptados, impossibilitando que outras pessoas também viajem”, disse António Gomes, elemento do grupo de trabalho.

Na Lousã, um turismo acessível implica acessibilizar a serra e sensibilizar todos os agentes turísticos para a causa, a fim de que criem condições adequadas para receberem pessoas com incapacidade. “O grupo acredita nas potencialidades turísticas do concelho e nas vantagens económicas e sociais que daí podem advir. Por isso devemos fazer convergir a acessibilidade e o turismo”, concluiu.

Grupo Técnico de Acessibilidade

Integram o Grupo Técnico de Acessibilidade os seguintes elementos: António João Nunes Lago Queiroz, Técnico de Percursos Pedestres; António José Fontoura Leonardo, Professor de Físico-Química; António Manuel de Sousa Gomes, Técnico de Gestão e Planeamento em Turismo; Augusto José Azevedo Figueiredo Fernandes, Médico; Eugénia Lima Deville, Professora de Turismo; Fátima Gracinda Gonçalves dos Santos da Costa, Assistente Social, Filipe José Matos de Carvalho, Técnico de Gestão e Planeamento em Turismo, João Carlos Tavares Henriques, Pensionista (assessor do Provedor); João Fernando Correia Ramos, Jornalista; José Fernandes Moreira, Auxiliar de Fisioterapia; Nélia da Conceição Borges Pereira, Arquitecta; Paulo Rui Carvalhinho Oliveira, Engenheiro Civil e Verónica Raquel Campos Pedro, Terapeuta Ocupacional.

Estabelecimentos com “Selo Acessível”

Receberam o “Selo Acessível” os seguintes espaços públicos: ARCIL (Arcil Cerâmica, Arcil Madeiras, Lar da Arcil 1 e 2 da Santa Casa de Misericórdia, Sapo e Residência do Penedo); BAR “Window’s” (também uma ementa em braille); BAR 94; Bombeiros Voluntários de Serpins; Café “A Cave”; Centro de Saúde da Lousã; Centro Diety - Centro Ortopédico e Dietético Tivoli; Cine-Bar; Cine-Teatro da Lousã; Fabimoda (Serpins); Intermarché; Lidl; Livraria “Magro”; Loja de Móveis “Barata” (Serpins); Loja de roupa “Charme”; Loja de roupa Multimax; Loja de roupa Picolly; Padaria /Pastelaria “Sonho Doce” (Serpins); Pastelaria “Jardim”; Pastelaria “Luz Verde”; Pastelaria Pagelou; Pousada de Juventude da Lousã; Quiosque da Romy; R.H. Equipamentos Hoteleiros.; Repartição de Finanças da Lousã; Restaurante “Adega da Vila”; Seguros “A Serrana”; Studio Concept - Arquitectura e Decoração; Supermercado de Serpins; Taberna “O Coelho” (Serpins); Talho “Avenida”; Tipografia Lousanense e Santa Casa de Misericórdia da Lousã.
Maria João Borges 16 Janeiro 2008
Fonte: Jornal Trevim

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