Ernesto Carvalhinho termina hoje o mandato na Provedoria Municipal das Pessoas com Incapacidade da Lousã.
Na hora da despedida não esquece quem, numa altura de crise, tem menos apoios e maior dificuldade em integrar-se na sociedade quer em termos de trabalho, quer em termos de lazer”. Para o provedor, os objectivos e os sonhos “não se atingiram naquilo que é a minha pressa em fazer as coisas”. Mesmo assim, deixa uma “semente” que, explica, “já vinha germinando há algum tempo nomeadamente no trabalho na ARCIL e que fica implementada na sociedade lousanense, nas IPSS e na própria autarquia”. Esta questão, considera Ernesto Carvalhinho, é fundamental, tendo em conta os vários projectos que já estão executados e o facto da “filosofia” da acessibilidade e da igualdade “estar bem enraizada”. Em breve, assegura, “iremos ter frutos” do trabalho realizado. Com a inclusão social “bem consolidada” pela ARCIL, a provedoria elegeu como prioridades as acessibilidades e “a abertura de mentalidades”, já que as pessoas com deficiência encontram, na Lousã, uma resposta capaz. O projecto Lousã, destino de turismo acessível e o congresso internacional realizado nesta área, “criaram “uma dinâmica imparável” de que a eliminação das barreiras arquitectónicas é um exemplo. O plano de acessibilidades é neste aspecto um instrumental em termos de futuro, pois estuda “o que existe e propõe em alterações de acordo com os fundamentos da acessibilidade para todos”. É, sublinha, “uma marca muito forte que está presente em projectos em curso, nomeadamente nas ruas de acesso ao Hotel Palácio da Lousã. Na autarquia, afirma, está em funções um “presidente, Fernando Carvalho, que tem vontade de dar uma volta às questões das acessibilidades para todos” e que através das parcerias com entidades estrangeiras, adoptou muitos e bons exemplos. “Essa influência foi total, positiva e vai ficar”, disse. A mudança de mentalidades é uma realidade na Lousã, já que, conta, “foi possível criar aquilo que chamaria o clube das acessibilidades”. O Selo da Lousã Acessível prova-o. Indica, acrescenta o provedor, que o estabelecimento “tem condições para a circulação de uma cadeira de rodas e, neste momento, conta com a adesão de 143 estabelecimentos de vários sectores”. “É um sinal de apoio à questão das acessibilidades”, referiu. O país começa a integrar o conceito mais abrangente na acessibilidade: conforto e segurança nas ruas para toda a gente. “É essa a minha luta!”, conclui Ernesto Carvalhinho. Ernesto Carvalhinho despede-se da provedoria, mas estará “sempre” disponível.
Escolas são área fundamental. Mais cedo ou mais tarde somos confrontados com a incapacidade, pelo que a preparação das novas gerações é fundamental. As acções nos diversos estabelecimentos de ensino do concelho da Lousã foram outras das “frentes” do trabalho da Provedoria Municipal das Pessoas com Incapacidade. Ernesto Carvalhinho considera, até, que o próximo provedor “deve insistir” nesta tónica. Só em 2009, cerca de 300 crianças tiveram intervenção directa em projectos, o que quer dizer que “ouviram falar de pessoas com deficiência ouviram falar de acessibilidade”. O alerta, sublinha, “deve começar precisamente nestas idades”.
No balanço das actividades, o provedor sublinha os benefícios para o concelho do projecto Lousã, destino de turismo acessível. “A imagem e a afirmação política saíram beneficiadas, mas o concelho obteve, também, apoios económicos fortes através do POPH”, afirma. Ao integrar os conceitos de acessibilidade nos projectos de execução de obra, a autarquia viu muitos dos projectos valorizados pelo próprio QREN. Dentro em breve, a comunidade começará a observar as consequências do trabalho realizado e que contribuirá para o aumento da qualidade de vida de “todos” os lousanenses e de quem visita o concelho, e “não só das pessoas com incapacidade”. Ernesto Carvalhinho está convencido que Câmara Municipal da Lousã irá manter a actividade da provedoria, já que Fernando Carvalho “tem pulso forte na afirmação deste projecto” e, neste momento, “já existem outros elementos da autarquia que estão tão envolvidos como ele”. Na hora do adeus, agradece o apoio de Fernando Carvalho, presidente da Câmara Municipal da Lousã, ao grupo técnico, que “voluntariamente comigo trabalhou”, à técnica da provedoria, Filipa Marques, a todos os elementos da ARCIL e aos funcionários da autarquia. Sempre disponível para apoiar as pessoas com deficiência, o ainda provedor colocasse, também, ao dispor da ARCIL e de toda a comunidade lousanense. “É a minha terra, é na Lousã que tenho as minhas raízes, é na Lousã que me sinto bem”, conclui.
Fonte: Jornal Beiras
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