Tuesday, November 9, 2010

Cessação do mandato de Ernesto Carvalhinho transformou-se numa homenagem marcante

provedor

Com o salão nobre dos Paços do Concelho da Lousã repleto, Ernesto Carvalhinho colocou ponto final na actividade como Provedor Municipal das Pessoas com Incapacidade. A secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, encerrou a sessão, garantindo que “nunca abriu excepções” para o município da Lousã, que tem conseguido tudo por mérito próprio. Segundo a governante, a Lousã “é o município do país mais empreendedor” na área da acessibilidade, mas estende esta atitude a outras áreas.

A sociedade civil, de que a ARCIL é um exemplo notável, conjuga-se com a vontade política interpretada por Fernando Carvalho, presidente da Câmara Municipal da Lousã, na construção de uma realidade única no país. O contributo de Ernesto Carvalhinho, “agente indutor de mudança”, revela-se decisivo na existência de uma estratégia que abraça toda a sociedade. “Não é subserviente, é humilde, chega às pessoas olhos nos olhos, cria compromissos”, disse Idália Moniz.

E como é difícil mudar mentalidades. “É necessário afecto”, confessou. João Henriques, o jovem tetraplégico que desempenhou as funções de assessor de Carvalhinho e tem lançado vários alertas para as questões da acessibilidade, lembrou muito do que foi realizado, considerando que era “impossível” fazer melhor. “Mudámos um pouco as mentalidades, mudámos o rosto da Lousã”, sublinhou. Recuperando uma afirmação de Fernando Carvalho, presidente da autarquia - “Se já muito foi feito, muito falta fazer” -, João Henriques defendeu a continuidade do trabalho realizado pelo provedor em conjunto com o grupo técnico, constituído por 14 pessoas com formação em várias áreas.

António Fontes, projecto Lousã, destino de turismo acessível, homenageou o homem que dedicou “toda a sua vida à causa da acessibilidade” e que foi decisivo no crescimento e afirmação da ARCIL – Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã (ARCIL). Ao dar voz aos munícipes com incapacidade, a provedoria cumpriu “uma missão nobre”, levando as necessidades de quem mais precisa “a quem de direito (e não só ao presidente da câmara), contribuindo, deste modo, para a melhoria do seu dia a dia”. Beneficiando da “sensibilidade” de Fernando Carvalho, presidente da câmara, o provedor Ernesto Carvalhinho “tocou muita gente”, desde os técnicos da câmara ao cidadão comum. “Construiu uma visão – a Lousã acessível – que é partilhada neste momento por todos os cidadãos do concelho”, disse. Marques Leandro, presidente da direcção da ARCIL, elogiou a acção do dirigente que definiu o projecto de solidariedade e de desenvolvimento “que é seguido ainda hoje na ARCIL”. Carvalhinho, disse Marques Leandro, foi um provedor diferente: não tratou de casos; interpretou as funções de uma forma global, trabalhando para todos, incluindo as pessoas com incapacidade.

O dirigente da ARCIL deseja que Carvalhinho “ande por perto para nos ir aconchegando”. Na hora do adeus, o provedor das Pessoas com Incapacidade, Ernesto Carvalhinho, confessou que “sai com a alma cheia”, elogiando o contributo do grupo técnico e considerando as várias frentes de sensibilização para a acessibilidade uma “semente fundamental” que irá crescer. Depois, agradeceu a Idália Moniz, Fernando Carvalho, Luís Antunes, entre outras personalidades. O presidente da Câmara da Lousã agradeceu o apoio de Idália Moniz e salientou o valor das parcerias e o impacto de um projecto – Lousã, destino de turismo acessível – que demorou a obter respostas no mercado devido à falta de know-how. A solução encontrada pela secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, permitirá prosseguir um projecto que não está isento de dificuldades. Fernando Carvalho lembrou a incompreensão dos munícipes “sem incapacidade” quando confrontados com as obras que resolvem os problemas dos munícipes “com incapacidade”, mas que aumentam a qualidade de vida de todos. O autarca, com alguma boa disposição à mistura, elogiou o “grande trabalho” do provedor e recordou a “perseguição atroz” movida por Ernesto Carvalhinho aos técnicos da autarquia para garantir o respeito pelos “mandamentos” da acessibilidade. O governador civil de Coimbra, Henrique Fernandes, destacou as qualidades do “cidadão exemplar”: um fervoroso militante da integração das pessoas com incapacidade. “Cessa funções, mas dificilmente deixará de estar atento”, conclui.

Fonte: Jornal Beiras

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