Saturday, April 21, 2007

Pousada é equipamento “âncora” para o desenvolvimento do concelho


Descrição da foto: Congresso Turismo Acessível

Autarca considerou inauguração da Pousada da Juventude um “momento histórico” para a Lousã. Equipamento, disse o ministro da Presidência, é “sinal de esperança”.

Menos de um ano depois de ter sido simbolicamente lançada a primeira pedra do edifício, foi ontem inaugurada a Pousada da Juventude da Lousã, um equipamento que o autarca, Fernando Carvalho, diz ser “âncora” para o desenvolvimento do concelho, nomeadamente no que diz respeito ao combate à desertificação.
“Este é um equipamento âncora para o desenvolvimento sustentável do concelho”, afirmou, ontem, Fernando Carvalho, durante a sessão solene de inauguração da pousada, um equipamento orçado em mais de 2,1 milhões de euros que dispõe de 62 camas, distribuídas por sete quartos duplos (um dos quais adaptado a pessoas com mobilidade condicionada) e 12 múltiplos.
Ao destacar a importância da pousada, o autarca aproveitou também para tecer duras críticas ao anterior Governo. “Estamos hoje num momento histórico para o concelho da Lousã. Um momento triste e alegre. Triste, por causa do que se passou com o relacionamento entre a Câmara da Lousã e o Governo anterior. Foi um autêntico ‘show-off’. Por duas vezes houve o compromisso de obra sem que nada se realizasse. Alegre , porque este é um equipamento âncora”, afirmou Fernando Carvalho.
O socialista referiu-se também às vozes que, tendo criticado a localização do equipamento – no local anteriormente ocupado pelo parque de campismo –, “não tiveram a verticalidade e honestidade de reconhecer que erraram”.
“Mas os resultados estão à vista. A Lousã é o 5.º concelho a nível nacional no índice de desenvolvimento social. Entre 2001 e 2004, foi o concelho que mais cresceu no distrito de Coimbra”, congratulou-se, acrescentando que 10 por cento das 40 maiores empresas do distrito têm sede naquela vila.
Ainda assim, não deixou de aproveitar a presença de responsáveis políticos – como o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, a secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, e deputados da Assembleia da República eleitos pelo círculos de Coimbra – para avisar que a Lousã está no “limite da desertificação”. “É altura própria de tomar algumas decisões para que a linha da desertificação não avance para o litoral”, alertou.
Também o ministro da Presidência, Pedro da Silva Pereira, destacou a importância da Pousada da Juventude, que disse representar um “sinal de esperança” no desenvolvimento do turismo na região.
“Temos aqui um sinal de esperança para o futuro desta região e das suas populações”, disse Silva Pereira. A pousada, continuou, “constitui para a Lousã uma oportunidade que deve ser agarrada com as duas mãos”. “É um projecto para um conjunto de destinatários [os jovens] que são decisivos para quem quer ter ambições de futuro”, afirmou.
Com este equipamento, resultado de um protocolo celebrado em 2001 entre a autarquia e a Movijovem, Portugal passa a dispor, precisou o ministro da Presidência, de uma rede de 49 pousadas da juventude, num total de 3.600 camas.
As pousadas da Movijovem registaram, em 2006, 400 mil dormidas e a taxa média de ocupação na última quadra da Páscoa rondou os 65 por cento, disse, no início da cerimónia, Helena Alves, presidente da Movijovem. Esta entidade estabeleceu ontem também um protocolo com a autarquia para a emissão do Cartão Jovem Municipal da Lousã, que permite o acesso dos jovens a bens e serviços a preços mais baixos em todo o país e no estrangeiro.

Acessibilidades
“Sejamos completamente intolerantes” com as novas construções

A secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, considerou, ontem, na Lousã, que o apetrechamento de todos os edifícios e espaços públicos com acessos para pessoas com deficiência é um processo moroso. Pediu, no entanto, total “intolerância” no que diz respeito ao incumprimento das normas que devem ser, neste campo, seguidas nas novas construções.
“Qualquer um de nós sabe que três, quatro, cinco anos são um período de tempo no qual não é possível adequar todos os edifícios e espaços públicos. Mas sejamos completamente intolerantes com os novos edifícios” que não cumpram a legislação existente, preconizou Idália Moniz.
Intervindo na sessão de abertura do Congresso Turismo Acessível, que ontem decorreu no Mélia Palácio da Lousã, a governante desafiou mesmo a que sejam aplicadas sanções como forma de tornar todo o processo “mais célere”. “Existe um conjunto de sanções acessórias [previsto na legislação] que pode passar pela inibição do exercício da actividade dos técnicos. Precisamos de um ou dois casos para acelerar este processo, que tem que ser mais célere”, afirmou.
Esta “intolerância”, explicou Idália Moniz, justifica-se, naturalmente, pela criação de condições de acessibilidade para todos. Mas também pelo papel que o turismo acessível pode desempenhar no desenvolvimento sustentado do turismo. A adaptação dos espaços e edifícios à mobilidade das pessoas com deficiência “é vital para o desenvolvimento sustentado do turismo” em Portugal, defendeu a secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação durante o congresso, que foi organizado pela Escola Superior de Educação de Coimbra em parcerica com a Provedoria Municipal das Pessoas com Incapacidades da Lousã, a Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadapatados da Lousã, o Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração da Pessoa com Deficiência e a Direcção Regional de Economia do Centro, no âmbito do programa Leader+Eloz Entre Lousã e Zêzere.
“Por que é que as nossas famílias com pessoas dependentes procuram o país vizinho para fazer férias, sendo Portugal um destino turístico emergente?”, questionou Idália Moniz. E respondeu: “Espanha proporciona todo um conjunto de serviços que são fundamentais para que as famílias possam usar o tempo de lazer em circunstâncias de igualdade”.
Ainda assim, a governante congratulou-se pelos passos que diz estarem a ser dados no sentido da criação de condições de igualdade. O programa “Praias Acessíveis” é um exemplo, uma vez que garante condições de acesso à praia e a todos os equipamentos nela existente. Este ano, Idália Moniz conta que sejam cerca de 100 as praias aderentes a este projecto.
“Também aqui vamos fazendo o nosso caminho”, disse, não sem antes apelar à participação de todos no processo: planeadores do território, decisores políticos, associações e sociedade. “Haja vontade, haja iniciativa e desenvolvam-se os processos”, desafiou Idália Moniz.

Fonte: Diário as Beiras




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