Friday, March 2, 2007

Cem anos do ramal sem gente

Descrição da foto: um cidadão a tentar entrar para a automotora


A cerimónia de descerramento de placa alusiva ao centenário do ramal da Lousã, que decorreu na estação de caminho de ferro, sábado, dia 16 de Dezembro, não teve adesão popular e não mereceu discursos de nenhuma entidade presente.

Contrariamente ao que aconteceu há cem anos em que a inauguração da linha constituiu uma festa com uma avalanche popular que quis ver a primeira locomotiva a vapor a circular nos carris, as cerimónias comemorativas dos cem anos do caminho-de-ferro, pautaram-se sobretudo pela falta de adesão, tanto popular, como de autoridades públicas.

A presença dos Bombeiros Municipais da Lousã, da GNR e das bandas filarmónicas de Lousã e Arganil imprimiram alguma solenidade à festividade e alguma semelhança com os acontecimentos de há cem anos, em que as duas bandas também tocaram. A de Arganil, obviamente, ainda com a esperança de que a linha chegasse até à localidade, o que não se veio a concretizar.

Junto ao edifício da estação, que foi retocada cosmeticamente durante o ano - a estrutura denotava ainda mais sinais de degradação, devido sobretudo ao facto de ter encerrado há vários anos -, mantiveram-se em sinal de respeito e a ouvir atentamente as duas bandas, o presidente da Câmara Municipal, Fernando Carvalho, e Fransciso Cardoso dos Reis, presidente do Conselho de Gerência da CP. No entanto, nenhum usou da palavra. Só Vítor Maia e Costa, quadro superior da Biblioteca Municipal, falou, para ler algumas notas históricas da linha que comemorava cem anos de vida.

Notou-se a ausência de populares e mesmo de entidades públicas, com responsabilidades políticas locais, nomeadamente presidentes de junta, vereadores e deputados municipais. Presente esteve um representante da Provedoria Municipal das Pessoas com Deficiência a fim de apenas lembrar a falta de acessibilidade que ainda perdura ao transporte ferroviário. “A mesma acessibilidade de há cem anos mantém-se. Ou seja, nenhuma”, referiu-nos João Henriques, cidadão paraplégico que se tem debatido pela eliminação de barreiras arquitectónicas na Lousã.

Fonte: Jornal Trevim

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