Sexualidade na deficiência ainda é tema tabu.
“ As pessoas com deficiência não são
assexuadas!”, foi a expressão mais ouvida na ação de sensibilização dinamizada
pela autarquia, no dia 1, e que se
desenrolou no auditório da EB1 da Lousã. A iniciativa serviu para
esclarecer as famílias, os técnicos e os educadores das crianças e jovens com
deficiência, que debateram uma temática que ainda é considerada um tabu pela
sociedade.
Numa ação intitulada por “ Educação
Sexual na Deficiência” coube a João Henriques (Provedor Municipal das Pessoas
com Incapacidade da Lousã); José Moreira (Massagista na ARCIL); Mónica Duarte
(Técnica Superior) e Cláudia Moreira (Psicóloga na ARCIL) debateram uma
questão, que segundo os oradores “é pouco discutida e permeada de preconceitos
e tabus”. Verifica-se, aliás, que nas pessoas portadoras de deficiência mental,
existe alguma negação por parte dos agentes com quem lidam. Tendo em conta que
os conhecimentos em matéria de sexualidade são insuficientes e incorretos por
parte das pessoas com incapacidade e dos seus pais, é importante falar-se de
educação sexual para pessoas com deficiência. Segundo Mónica Duarte, faz sentido
“incluir estas pessoas num programa de educação sexual, adaptando as suas
limitações num contexto de educação formal e não formal.”
Para Cláudia Moreira, falar de
sexualidade na deficiência mental exige que se questionem ideias preconcebidas
e comportamentos construídos socialmente, revelando algum trabalho desenvolvido
pela ARCIL. “Mesmo nas pessoas com mais incapacidade, queremos que escolham o
seu caminho, nem que para isso sejam ajudadas”, disse dando alguns casos de
famílias que a ARCIL apoia e que já tiveram filhos. A psicóloga expressou ainda
satisfação pelo trabalho desenvolvido pela ARCIL, mas ainda é necessário mudar
muitas mentalidades. “Há trabalho feito, mas ainda há muitos estereótipos. É
uma área muito delicada e tem de haver uma grande articulação entre todos os
agentes”, declarou.
Habitualmente as pessoas com
deficiência mental têm dificuldade em aceder a contextos normalizados: vivem
segregadas, em isolamento familiar ou institucional, sendo afastadas de outros
grupos sociais. O que para a família e para a escola pode
representar proteção, para os deficientes que ficam privados do contacto
social, cria uma dificuldade acrescida no processo de crescimento interpessoal.
Tiago Adelino
Fonte: Jornal Trevim
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