Com o objetivo de sensibilizar a
comunidade para os desafios que a população com mobilidade reduzida enfrenta,
Jorge Pereira está a percorrer o país em bicicleta adaptada. Passou na Lousã,
na semana passada e elogiou as boas práticas aplicadas no concelho
Tiago Adelino
“A Lousã foi referenciada como um
dos pontos onde realmente há vários projetos e estratégias relacionadas com as
acessibilidades e com o turismo acessível para pessoas com mobilidade
reduzida”, declarou ao Trevim, o presidente da Associação Mobilitas,
Jorge Pereira, referindo que a ideia de passar neste concelho surgiu “na altura
em que estava a ser projetada a rota do ‘Portugal Sem Barreiras’, desafio que iniciou,
a 23 de maio, em Viana do Castelo e termina a 14 de junho, em Faro. Recebido
por elementos ligados à ARCIL, Montanha Clube, Bombeiros Municipais e executivo
municipal, o atleta que já antes havia passado pelo Porto, Aveiro, Viseu e
Serra da Estrela, assinala que quis passar na Lousã devido às “boas
experiências e às boas práticas” existentes, destacando o concelho como um
exemplo a seguir para outros municípios.
Lesão
mudou-lhe a vida
Aos 43 anos, Jorge Pereira quer mostrar às pessoas que a autonomia
e a força de vontade são capazes de superar barreiras físicas e mentais. Há 22
meses, enquanto praticava Surf, fraturou a coluna cervical. Ficou com um quadro
de tetraplegia incompleta que lhe afetou os quatro membros, sobretudo no lado
direito do corpo, o que lhe dificulta a mobilidade. Aos poucos está a recuperar e a obter pequenas
vitórias. “Passamos por várias fases. Há uma
primeira fase de não aceitação, da nossa nova realidade. Mas com a ajuda da
família, amigos e uma boa equipa de fisioterapeutas, consegui arranjar uma
estratégia que me deu novamente qualidade de vida e me permitiu voltar a
sorrir” assinalou o desportista, confessando que o “desporto e a atividade física”
estão a ter um papel fundamental para a sua reabilitação. A sua força e
persistência levou-o a pedalar levaram-no a percorrer o país numa “trike”
bicicleta adaptada para pessoas com mobilidade reduzida, “extremamente leve, própria
para velocidades e longas distâncias”, em estrada. Quando questionado se se sentia
como um exemplo para as pessoas que sofrem este tipo de lesões, Jorge Pereira
sorriu e disse “Não me considero um exemplo. Sou igual a mim próprio. Faço o
que são desafios para mim. Partilho esses desafios, porque sei que representam
desafios de muita gente, e se isso ajuda positivamente as pessoas, muito
melhor. Fico feliz por ver que em muitas vidas, eu consigo mudar com coisas
simples, de uma forma natural,” concluiu.
Fonte: Jornal Trevim
No comments:
Post a Comment