Monday, December 17, 2012

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

 Se eu consigo, eles também podem conseguir”

José Leonardo, professor de Física e Química na Escola Secundária da Lousã, acredita que o seu exemplo pode inspirar os seus alunos. Está em cadeira de rodas há mais de dez anos e nunca parou de dar aulas. “Se eu consigo, eles também podem conseguir”, diz
Uma vez que toda a Escola Secundária com 3.º Ciclo é acessível, com exceção feita à biblioteca, a única dificuldade que sente é na preparação das aulas práticas nos laboratórios. Tem de pedir ajuda, algumas vezes, a algum colega para organizar essas aulas. De resto, o quotidiano decorre com normalidade. E isso deve-se a um fator, que identifica facilmente. “A escola é acessível, não só nos aspetos arquitetónicos, mas também nos aspetos humanos. Não noto que haja preconceito, os alunos, os funcionários, os professores já estão habituados a terem alunos, professores e funcionários também com deficiência. As pessoas não são olhadas de forma diferente e julgo que essa é a grande vantagem da escola”, referiu ao Trevim, a 3 de dezembro, dia em que foi chamado a colaborar nas comemorações do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, em representação da Provedoria Municipal das Pessoas com Incapacidade da Lousã.
Não foi o único. Outras pessoas portadoras de deficiência e bem sucedidas profissionalmente deram o seu testemunho: Rui Matos, professor de economia naquele estabelecimento de ensino, José Moreira, massagista auxiliar na ARCIL, e ainda Paulo Marques e Sandra Lopes, Técnico Oficial de Contas e massagista na Associação de Desenvolvimento e Formação Profissional de Miranda do Corvo, respetivamente. Lourdes Fonseca, professora de educação especial e organizadora das comemorações, salienta o objetivo do evento. “Nós fazemos disto um dia especial. Não é uma comemoração do que quer que seja, é mais para estarmos juntos, para que os miúdos vejam que outras pessoas com deficiência também conseguem chegar a algum lado. Partilhar essa experiência é para nós a coisa mais importante”.
Esta comemoração contou com a participação dos colaboradores convidados, parceiros sociais, pais e encarregados de educação, Agrupamento de Escolas e Escola Secundária da Lousã.
Alunos simulam cegueira na sala de aula
No dia 3, alguns alunos exprimiram o que sentiram quando experimentaram trabalhar, nas aulas de Tecnologias de Informação e Comunicação, com uma venda nos olhos. Além de não conseguirem encontrar o botão para ligar o computador, não conheciam o teclado. Por  outro lado, no quadro escreveram tudo torto, pensando estar direito. “sentiram-se cegos”, descreve a professora Lourdes Fonseca. Neste contexto, José Moreira, cego desde criança, explicou que o cérebro se vai habituando e adaptando ao longo dos anos às atividades que a pessoa precisa de desempenhar.No seu caso, tem a vida facilitada porque tem um cão guia – que vai ser substituído em breve porque precisa de “reforma” - e o apoio da família.
Legislação por aplicar
Passados 20 anos da instituição do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, há direitos que ainda estão por salvaguardar. “Em termos de legislação, temos uma legislação adequada e perfeitamente moderna no que diz respeito aos direitos das pessoas com deficiência. Falta pôr na prática essa legislação. Continuamos a ter instituições públicas que não são acessíveis quando a lei já prevê. Continuamos a ter situações de órgãos públicos em que a comunicação não é feita de forma adequada para pessoas com deficiência auditiva ou visual poderem ter acesso à mesma comunicação”, salienta José Leonardo. “Apesar de a lei prever, ainda temos prédios que são construídos sem a mínima acessibilidade quando ela está prevista na própria lei que prevê que, pelo menos, deveriam ter acessibilidade à entrada”.
 
Fonte: Jornal Trevim Maria João Borges

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