Num rés–do–chão, situado mesmo no centro da vila, abriu anteontem a Provedoria Municipal das Pessoas com Deficiência.
Foram inauguradas na Lousã, no passado sábado, as instalações da Provedoria Municipal das Pessoas com Deficiência. A partir de agora, o provedor desta área, José Ernesto Carvalhinho, vai reforçar o trabalho iniciado há cerca de dois anos, com uma equipa de outras três pessoas, no sentido de elaborar o diagnóstico das principais dificuldades que, no concelho, se colocam às pessoas com deficiência, bem como assessoria e aconselhamento em novos projectos. As acessibilidades e barreiras arquitectónicas são os principais problemas com que se deparam as pessoas com mobilidade reduzida e deficiência visual. João Henriques, tetraplégico há 21 anos na sequência de um acidente de automóvel, é um dos elementos que vai trabalhar na provedoria recentemente criada.
Considerado, desde há uma década, como um dos activistas mais empenhados nesta causa - tendo criado o site www.euroacessibilidade.com - têm–se esforçado por sensibilizar, não só as autoridades competentes nesta área, como também projectistas, engenheiros, arquitectos e promotores imobiliários, no sentido de que o desenvolvimento urbanístico se faça a pensar em todos os cidadãos.
Anteontem, durante uma acção de sensibilização que decorreu na vila - a propósito do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência - o presidente da câmara da Lousã, Fernando Carvalho, explicou que a atenção que esta autarquia atribui à problemática da deficiência "não é pura e simplesmente imagem, é uma preocupação em termos de actuação". Neste âmbito, o autarca realçou a presença de sete técnicos da autarquia na jornada de sensibilização, "seis deles da área da intervenção urbana". Fernando Carvalho reconheceu, por outro lado, que neste sector o concelho da Lousã "seria diferente, para pior", se não existisse, há três décadas, uma instituição como a ARCIL - Associação para a Recuperação dos Cidadãos Inadaptados da Lousã.João Henriques é um homem que cresceu em paralelo com a instituição, reconhecendo que "a Lousã é um caso excepcional, onde se tem tentado criar um espírito de cidania e onde existe consciência social".Todavia, afirma que "ainda há um esforço a fazer na desburocratização dos processos e acesso aos gabinetes dos engenheiros e políticos".
Cidades para todos.
A principal intervenção do dia coube a Carlos Pereira, arquitecto, deficiente da guerra colonial e membro do Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência. A tónica da sua intervenção incidiu sobre a generalização do chamado "design universal" ou "desenho para todos", aplicado às infra–estruturas, equipamentos, máquinas e produtos, de forma a que possam ser utilizados por todos, cumprindo sete requisitos pré-definidos.
Aproveitando a oportunidade, a ARCIL promoveu uma acção de sensibilização onde pessoas sem limitações motoras puderam constatar as dificuldades de mobilidade numa cadeira de rodas. Em duas rampas, construídas para o efeito, foi fácil constatar que uma inclinação superior a seis de cento torna–se, não só muito difícil de transpor, como também factor de insegurança, perante o risco de queda.
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