“Muito foi feito, mas muito falta ainda fazer” na acessibilidade na Lousã
Foi na sede do projecto que já acarinha desde 2006, como
assessor do anterior provedor da Provedoria Municipal das Pessoas com
Incapacidade da Lousã, que o novo rosto deste órgão falou com o Diário de
Coimbra. Com um brilho nos olhos quando fala do trabalho que se tem vindo a
desenvolver na Lousã na área da acessibilidade, o novo provedor abriu-nos a
porta para quatro anos de mandato com muitas ambições e uma vontade de
“melhorar sempre” o concelho que o viu nascer, tornando-o o mais acessível a
todos os que, como ele, sentem na pele os obstáculos que ainda falta derrubar
Diário de Coimbra (DC) Foi o braço direito do antigo
provedor, Ernesto Carvalhinho, e assume agora um mandato como o rosto que se
segue nesta Provedoria. O que o levou a aceitar este desafio?
João Henriques (JH)
Confesso que pensei um bocadinho se havia de aceitar, mas há sempre aquele sentido cívico que nos
leva a pensar “acho que deveria fazer”. Já tinha trabalhado com o professor
Carvalhinho e agora quero tentar melhorar ainda mais. Com o professor
Carvalhinho conseguimos muitas melhorias e pusemos a máquina em movimento. Mas
temos de ser criativos e pensar em melhorar sempre, porque só com a
acessibilidade é que podemos ter inclusão social.
Convém referir que a provedoria nunca esteve parada. Mesmo
com a saída do professor Carvalhinho esteve sempre a funcionar, só que de facto
não havia provedor.
DC A tomada de
posse decorreu no dia 19 de Junho, como está a correr o arranque deste novo
mandato?
JH Arrancámos no
próprio dia (risos). Começámos logo a trabalhar, porque é preciso fazer muita
coisa, é preciso fazer o site, actualizar o blogue da provedoria. O grupo
técnico já fez uma reunião, e a ideia é formar vários grupos versados em várias
áreas para ir reunindo de acordo com o assunto, por exemplo: um grupo
trabalhará a saúde, outro a educação, outro o desporto, para fazermos mais
reuniões e mais específicas.
Além disso, tento ir ter com as pessoas, saber quais as
necessidades e vou tentar reunir com empresas que nos têm apoiado e
instituições que sei que sentem a dificuldade tanto dos idosos como das pessoas
com necessidades especiais, e também com lagumas pessoas que têm por direito e
por dever resolver os problemas que os cidadãos por exemplo com deficiência têm
e que lhes vão chegando às mãos.
DC Como é assumir
um desafio destes, numa conjuntura económica tão dificil?
JH A altura é
complexa em termos de investimento o que faz com que não possamos pedir grandes
esforços, mas pequenas acessibilidades isso vamos sempre pedindo. Se for a um
local e achar que há um problema de segurança ou alguma acessibilidade que não
esteja correcta informo sempre a Câmara e geralmente as coisas chegam a bom
porto.
DC Logo no dia da tomada de posse assumiu a
sensibilização e educação para a acessibilidade como uma das principais
bandeiras deste mandato. Porquê esta prioridade?
JH Já começámos a
preparar a Lousã nas acessibilidades, agora é preciso cada vez mais educar e
sensibilizar para a acessibilidade e para a educação. E vamos já fazer essa
sensibilização nas escolas e também junto das pessoas mais idosas. Vamos
alertar e educar e talvez também em conjunto com a GNR e com os bombeiros para
englobar tudo, a acessibilidade, a cidadania e a segurança no conjunto, porque
a acessiobilidade nunca se poderá separar destas áreas.
DC Já muito se fez
no que respeita a acessibilidades físicas, sobretudo no âmbito do projecto
“Lousã Destino de Turismo Acessível”. Quais são as principais prioridades para
estes próximos quatro anos em termos de obra?
JH Antes deste
projecto, em que convém referir também a importância da intervenção da ARCIL,
havia sítios que não tinham acessibilidade nenhuma e hoje já têm. A Lousã tem
vindo a tornar-se mais funcional, mais atrativa tanto para quem está como para
quem chega. Agora estamos a fazer a listagem de pontos que requerem ainda
alguma intervenção. E não será só no centro da vila, até porque já estava
feito, nos outros mandatos, um protocolo com as juntas de freguesia porque não
queremos ir às freguesias ver o que é necessário, ouvir os presidentes de
junta, e dar o nosso apoio técnico.
Sabemos que se já muito foi feito, muito ainda falta fazer,
até porque tudo está permanentemente a actualizar-se, e a Lousã é uma vila que
está sempre em constante movimento. Temos de estar sempre atentos e a tentar
melhorar.
DC Há outras áreas onde urge investir?
JH Estamos também a
direccionar o trabalho para as pessoas com deficiência mental, para, cada vez
mais, criar condições para que as pessoas com deficiência mental se possam integrar mais na sociedade. E também chamei
algumas pessoas ligadas ao desporto porque acho que também é uma área importante
atrabalhar no âmbito da inclusão.
DC Na tomada de posse afirmou que o Grupo Técnico é uma
equipa criada à sua imagem. Em que é que pensou na escolha destes elementos?
JH Pensei nos jovens
e nos idosos e juntei a isso um chefe de obras públicas e um chefe de obras
privadas, para que ficasse um grupo não muito grande, mas coeso, e que
abrangesse os vários domínios de intervenção na sociedade, desde a educação, ao
desporto, passando pela saúde, deficiência, com técnicos da ARCIL.
DC Foi também criado um Conselho Consultivo. Porquê esta
inovação neste mandato?
JH No outro mandato
como o provedor era uma pessoa muito experiente não se justificava, agora acho
importante porque é a quem irei mostrar o que estamos a fazer, pedir opiniões,
e aqui o coordenador do Conselho, o professor Carvalhinho, é a pessoa mais
indicada para me poder aconselhar.
DC Quais as expectativas para estes quatro anos?
JH As expectativas
para mim são boas, obviamente que provavelmente nunca iremos conseguir fazer
tanto como na anterior provedoria porque é impossível. Mas penso que com o grupo técnico que tenho,
que iremos longe.
João Henriques assume-se confiante no Grupo Técnico que
dirige
Fonte: Diário de Coimbra